Padre Antônio Vieira
Antônio Vieira foi um religioso, escritor e orador português.
BIOGRAFIA:
Padre Antônio Vieira nasceu em 1608, em Lisboa, e representa, sem dúvida, o maior autor de expressividade religiosa de Portugal e um dos maiores escritores de seu século. Foi para a Bahia, ainda pequeno, onde recebeu ordenação sacerdotal e começou a atuar na Companhia de Jesus (movimento cristão de catequização indígena) que discriminava a escravidão pelos colonos, ao mesmo tempo que também utilizava a mão-de-obra indígena.
Antônio Vieira se destacou por ser um pregador convincente, principalmente sobre seus sermões repletos de filosofia, fazendo-o considerar-se um filósofo de assuntos cristãos. Por algum tempo esteve politicamente envolvido com a Inquisição, sendo até mesmo acusado de traição por defender índios, novos cristãos e judeus. Por este motivo ficou preso por dois anos e impedido de dar palavra. Usando seu dom da retórica, convenceu o papa a absolvê-lo da condenação e censura. Logo após, Antônio Vieira foi a Roma, onde assumiu novamente seu papel oratório. Em 1681, decidiu regressar ao Brasil, onde faleceu, em 1697, no Colégio da Bahia.
DIVISÃO DAS OBRAS:
Profecias: constituintes de três obras: História do Futuro, Esperanças de Portugal e Clavis Prophetarum;
Cartas: são cerca de 500 cartas, que tratam de assuntos sobre a relação de Portugal e Holanda, a Inquisição e os cristãos-novos. São tidos como documentos históricos importantes, já que tratam das diversas situações sócio-políticas da época;
Sermões: são aproximadamente 200 sermões, com estilo barroco conceptista, que trata o assunto de maneira racional, lógica e utiliza retórica aprimorada. Um dos seus sermões mais conhecidos é o “Sermão da Sexagésima”, tendo como tema a própria arte de pregar, trata-se de um sermão metalinguístico. Outros sermões conhecidos: Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda, Sermão de Santo Antônio e Sermão aos peixes.
Sermão da Sexagésima Padre Antônio Vieira
(...) Quando Cristo mandou pregar os Apóstolos pelo Mundo, disse-lhes desta maneira: Euntes in mundum universum, praedicate omni creaturae: «Ide, e pregai a toda a criatura». Como assim, Senhor?! Os animais não são criaturas?! As árvores não são criaturas?! As pedras não são criaturas?! Pois hão os Apóstolos de pregar às pedras?! Hão-de pregar aos troncos?! Hão-de pregar aos animais?! Sim, diz S. Gregório, depois de Santo Agostinho. Porque como os Apóstolos iam pregar a todas as nações do Mundo, muitas delas bárbaras e incultas, haviam de achar os homens degenerados em todas as espécies de criaturas: haviam de achar homens homens, haviam de achar homens brutos, haviam de achar homens troncos, haviam de achar homens pedras. (...)
Fontes: